Médica é agredida dentro de hospital ao atender paciente com suspeita de Covid

Foto: reprodução facebook Leônidas Melo

Uma médica plantonista foi agredida a socos por um filho de um paciente que apresentava sintomas compatíveis com a Covid-19. O caso ocorreu neste fim de semana, no Hospital Regional Leônidas Melo, na cidade de Barras,  interior do Piauí. A profissional de saúde teve hematomas no braço e registrou boletim de ocorrência. 

Laianne Santos, diretora geral da unidade de saúde, explica que a agressão teve início porque o filho do paciente não aceitou o diagnóstico da médica. O idoso chegou ao hospital com falta de ar. 

 “Pela suspeita da doença, o idoso tinha que ficar em uma ala exclusiva para esses casos, mas o filho disse que não admitia que o pai ficasse sozinho. Então, ele falou que ia transferí-lo para um hospital particular e quando a médica foi tirar a cópia do prontuário, para liberar a saída do paciente, foi agredida a socos e insultada com palavras de baixo calão. A Polícia Militar foi acionada e encaminhou o agressor para a delegacia de Barras, onde foi registrado o boletim de ocorrência”, conta a diretora geral do hospital. 

Neste domingo (10), a médica agredida foi submetida a exame de corpo de delito. Ela vai ficar afastada pelos próximos dias. 

“Essa é a terceira vez que médica e outros colaboradores são agredidos física ou verbalmente no exercício da função. Nosso repúdio enquanto gestão e estamos com ela que vai ficar afastada pelo menos por sete dias. Imagina o trauma psicológico que está sofrendo”, pontua Santos. 

Ela acredita que as agressões não foram piores porque o esposo da médica estava no hospital e interveio na situação. Afastada há 70 dias de casa e da família, a diretora geral do hospital- que é fisioterapeuta- crê que a médica foi agredida por ser mulher. 

“Eu, como mulher, já passei por inúmeras situações. Infelizmente, alguns acreditam que somos sexo frágil e quando veem mulheres em cargos ou setores de maior importância, se acham no direito de usar a força física e verbal e não vamos admitir isso”, disse Santos. 

“Enquanto profisssional, mulher e pessoa estou triste.  Há 70 dias estou em Barras sem ver meus pais, minha família. Vejo a dedicação de todos os profissionais, desde médicos, enfermeiros,  técnicos que também estão na linha de frente, se arriscando, e algumas pessoas de fora parecem não entender tudo o que a gente abdica por eles e para eles. Me coloco no lugar da nossa colega que trabalha conosco há quase quatro anos e sofreu essa agressão”, acrescenta Laianne Santos. 

Após a agressão, uma campanha será desenvolvida nas redes sociais do hospital pedindo respeito. 

O caso foi comunicado também ao Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) que enviou nota de repúdio. 

“Atitudes dessa natureza são vigorosamente repudiadas por este Conselho Regional de Medicina que zela pela proteção e segurança dos profissionais médicos, estando atentos às suas necessidade e anseio. Nesse sentido, fica o alerta à direção dos estabelecimentos de saúde para que promovam todas as medidas indispensáveis a assegurar que os profissionais médicos possam exercer seu ofício sem pertubações desta e de outras ordens“, informou trecho da nota assinada pela presidente do CRM-PI, Mírian Perpétua Palha Dias Parente.