Ministros da gestão Jair Bolsonaro foram citados pelo ex-ministro Sérgio Moro em depoimento de mais de oito horas na sede da Polícia Federal em Curitiba. O ex-juiz da Lava Jato mencionou os colegas do governo que participaram de reuniões em que ele esteve presente junto do presidente, sem implicá-los em situações ilegais.
O motivo da citação seria listá-los como eventuais testemunhas de falas ditas por Bolsonaro durante os encontros. Na oitiva, Moro reforçou suas acusações contra o presidente de tentativa de interferência política no comando da Polícia Federal.
Enquanto Moro apresentava seu depoimento, peritos da Polícia Federal extraíram do celular do ex-ministro mensagens trocadas com Bolsonaro, incluindo as que foram deletadas para aumentar o espaço de armazenamento do aparelho. Uma varredura completa foi realizada e localizou até áudios enviados por aplicativos de mensagem. Os peritos também copiaram mensagens trocadas entre Moro e a deputada Carla Zambelli.
O próximo passo é a elaboração de um laudo no Instituto Nacional de Criminalística sobre as conversas e os áudios.
Moro desmentiu acusações de apoiadores e militantes bolsonaristas de que gravou o presidente por mais de um ano. Perante a Polícia Federal, disse que isso é ‘absolutamente mentira’ e que jamais gravou diálogos com Bolsonaro.
Conversas
Moro prestou depoimento de mais de oito horas na sede da PF no inquérito que investiga suas acusações de tentativas de interferência política de Bolsonaro na chefia da corporação. O Planalto se preocupa com o andamento de inquéritos que apuram esquemas de divulgação de ‘fake news’ e financiamento de atos antidemocráticos realizados em abril, em Brasília.
Uma das conversas obtidas pela perícia foi a divulgada por Sérgio Moro na qual Bolsonaro o encaminha uma notícia sobre inquérito do Supremo Tribunal Federal mirar aliados políticos do Planalto. “Mais um motivo para a troca”, disse o presidente.
O ex-juiz também exibiu conversa com Zambelli, em que ela pede para Moro aceitar uma vaga do STF em troca da mudança na chefia da PF. “Vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer o JB (Jair Bolsonaro) prometer”. Moro respondeu que ‘não estava a venda’.
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