Pesquisa realizada pelo IBOPE revela que 55% dos brasileiros tiveram perdas de renda desde o começo da pandemia do coronavírus, em meados de março. E a realidade ainda pode ser pior, já que que não foram pesquisados brasileiros da classe D: o IBOPE ouviu 2.000 pessoas das classes A, B e C com acesso à internet. E mostrou uma profunda mudança nos hábitos financeirosnesses três camadas sociais. Nada menos que 89% dos ouvidos revelaram ter alterado o comportamento relacionado aos gastos.
Os números mostram o tamanho do impacto da pandemia nas contas das famílias. Mas os analistas também apontam mudanças comportamentais que tendem a ficar. Sobre os efeitos imediatos, a sondagem do IBOPE traz alguns dados poderosos.
• 89% mudaram os hábitos financeiros, estabelecendo uma nova relação com o uso do dinheiro.
• 51% revelam ter reduzido os gastos regulares.
• 27% passaram a guardar recursos, fazendo algum tipo de reserva financeira.
• 22% começaram a atrasar o pagamento de boletos.
É importante chamar atenção para um outro dado da pesquisa:
• Nada menos que 55% dos entrevistados acusaram perdas de renda e, desses, 66% (ou 36,3% do universo pesquisado) registram perdas superiores a 25% do que tinham antes da pandemia começar.
O impacto pode ter impacto no comportamento futuro: especialistas enxergam sinais positivos para o pós-pandemia com adoção de hábitos de consumo mais controlados.
Futuro com hábitos mais saudáveis
Educadores financeiros que acompanham o comportamento dos brasileiros em relação ao consumo, antes e durante a pandemia, veem sinais animadores em meio ao descalabro. Ou, como diz Leandro Benincá (Messem Investimentos), estamos adquirindo bons hábitos por “um mau motivo”. Em entrevista ao E-Investidor, ele disse que o brasileiro é aquele sujeito “que tem a casa assaltada e depois resolve colocar o alarme”. A pandemia é o assalto e o alarme são os novos hábitos. “O susto faz as pessoas agirem”, afirma.
Outro educador financeiro, Cláudio Ferro (da PoupaBrasil) tem a mesma leitura. E aponta o novo esforço de fazer poupança como um sintoma da mudança. “O mais importante em momentos como este é reduzir as despesas e fazê-la caber dentro do novo orçamento. Assim, a pessoa tem uma saúde financeira melhor e vai estar mais preparada para sobreviver ao momento”, diz. Ele acredita que muitos desses hábitos vieram para ficar.
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