O Ministério Público do Piauí concluiu, após realizar uma investigação, que os presos da Cadeia Pública de Altos que foram hospitalizados, haviam sido envenenados após um dedetização realizada no local. Seis detentos morreram e dezenas ficaram internados.
Em entrevista à TV Clube, o promotor de justiça Eloi Júnior detalhou o caso.
“A Secretaria de Justiça divulgou uma nota no dia 7 de maio tornando público esse surto na Cadeia Pública de Altos, colocando como suspeita, hipótese diagnóstica, a infecção pela água. O Ministério Público sempre colocou como dúvida essa hipótese, porque são 700 presos, todos consomem essa mesma água, além dos presos, os policiais penais, servidores, terceirizados também consumiam esta água e não é razoável que apenas os presos adoecessem, e apenas parte”, disse.
“Com base nessa suspeita nossa, de que outra causa teria motivado esse adoecimento coletivo e morte dos presos, passamos a adotar uma outra linha de investigação. Começamos examinando os prontuários médicos, examinamos mais de 100 prontuários médicos… Analisamos mais de 200 exames laboratoriais e de imagem, fizemos uma reunião com todos os médicos dos hospitais onde os presos haviam sido levados internados e alguns deles faleceram”, completou o promotor.
“Por unanimidade os profissionais de saúde chegaram a conclusão que os presos não foram vítimas de uma infecção pela água, que a água não foi o veículo de transmissibilidade da doença, mas foram vítimas de uma intoxicação exógena, um envenenamento. Descobrimos que foi uma dedetização realizada no início de maio na Cadeia Pública, por uma empresa particular e nesse serviço a Secretaria de Justiça pagou mais de R$ 22 mil. Foi um veneno da classe dos piretroides, inclusive coincide com os achados médicos. Essa dedetização foi feita sem os cuidados necessários, aplicação desse veneno, tem que deixar a pessoa pelo menos 12 horas do local que foi aplicado, o que não aconteceu”, comentou Eloi Júnior.
Ainda segundo o promotor, a Secretaria disse que a dedetização foi dia 15, foi negada informações e o MP pediu a exoneração do secretário Carlos Edilson, por ter conhecimento do caso.
“O atual secretário de Justiça nunca colaborou com o Ministério Público e, aliás, também falhou ao não informar aos familiares dos presos, à imprensa, à OAB, ao juiz da execução penal, todos foram surpreendidos”, concluiu o promotor.
Confira o despacho:
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