Polícia investiga denúncia de golpe a alunos com prejuízo que chega a R$ 200 mil

Ao Cidadeverde.com, a aluna disse que a turma está perplexa e, por isso, resolveram contratar um advogado e registrar boletim de ocorrência. A estudante relembra da dificuldade de muitos colegas de classe em pagar as mensalidades.

“Eu me senti muito abalada, algumas pessoas que tinham depressão pioraram, muitos choram e outros já desistiram. Tinha gente que fazia faxina para poder pagar o curso ou fez empréstimo e agora está endividado. Já registrei BO e espero que isso seja regularizado e não só pelos danos financeiros. Entramos em uma faculdade para sermos profissionais em alguma área e agora não somos nada”, desabafa uma das vítimas. 

As vítimas relatam que o pagamento das mensalidades era feito através de carnês e também diretamente com a suposta coordenadora. 

“A gente tinha material em nome do Isepro e alguns professores que davam aula pra gente eram de lá também. O Isepro existiu, nosso registro é que não constava. Agora descobrimos até que o CNPJ que saía nos boletos não era de lá”, disse a vítima. 

Outra aluna, que é cadeirante, relata que terminou o curso em outubro de 2018 e, até o momento, não recebeu o diploma. 

“Em outubro deste ano fazem dois anos que espero o certificado. Mesmo nessa espera, consegui me matricular em uma especialização. Só agora que descobrimos essa falha, a gente vê que outras já estavam acontecendo e não tínhamos percebido. Por exemplo, como é que eu me inscrevo em uma especialização se eu não levei meu histórico da graduação? mas como era a mesma faculdade que deu o golpe, não me cobraram isso”, disse a estudante.

Marcelo Bonfim Veras e Bruno Átila Martins Muniz, advogados das vítimas, acrescentam que irregularidades foram constatadas pela nova instituição que sucedeu a Isepro. 

“A nova faculdade alega que desconhece qualquer grade curricular cumprida e não acolhe a coordenação que foi feita durante quatro anos de curso”, destacou o advogado Marcelo Bonfim. 

Polícia investiga denúncia

O delegado Paulo Nogueira, titular da delegacia de Beneditinos, disse que a investigação está na fase preliminar e aguarda representação criminal do advogados das vítimas que procuraram a Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência. 

“Solicitei uma representação criminal já que é muita gente denunciando um fato só. Após receber essa peça, vou analisar se existiu contrato entre a pessoa que acusam e essa faculdade, se fica caracterizada má fé, crime de estelionato ou falha de outra ordem. Já temos alguns BOs e algumas informações, por exemplo, de que uma turma anterior teria recebido esse diploma. É preciso entender o que aconteceu com as turmas que estão denunciando. As partes serão ouvidas”, disse o delegado. 

Alvo de denúncias se posiciona

A vereadora e presidente da Câmara- que teria se apresentado como coordenadora dos cursos na cidade de Beneditinos- disse ao Cidadeverde.com que as denúncias são inveridícas. Em poucas palavras, Erislene Monteiro disse que não tinha vínculo com a antiga faculdade e que fazia “uma ponte entre os filhos beneditinos e o ensino superior”. 

“Acho que as informações são inverídicas. Até onde sei, a faculdade existiu, os alunos estão sendo diplomados ou fizeram transferência para outra instituição porque a antiga foi vendida. Quem terminou, o histórico de notas está liberado e podem continuar pela Sucesso ou outra faculdade”, disse a vereadora.

Erislene Monteiro disse que ainda não foi intimada prestar depoimento e que “a situação está resolvida”. 

Uma das proprietárias da faculdade Isepro, que preferiu não se identificar, apresentou uma versão diferente. Por telefone, ela disse que Erislene Monteiro tinha um contrato com a faculdade Isepro e que era “parceira”. 

“Já foi tudo resolvido. Eles vão receber tudo em 30 dias por outra faculdade parceira”, resumiu uma das proprietárias da antiga faculdade sem revelar qual instituição forneceria a certificação do curso superior. Ela também confirmou que a Isepro foi vendida este ano. 

Por telefone, o Cidadeverde.com tentou contato a Faculdade Sucesso- que sucedeu a Isepro- mas não conseguiu conversar com a direção da instituição. O site tentou contato com a faculdade por email, conforme orientação da atendente da faculdade, e há três dias aguarda retorno.