Hospital troca corpos e idoso de Picos é enterrado em Simões

Duas famílias tiveram os corpos de familiares trocados nesta terça-feira (22), no Hospital Regional Justino Luz (HRJL), em Picos. A família do Pedro Jorge Marciano, de 83 anos, da cidade Picos, se surpreendeu ao chegar na unidade médica e descobrir que o corpo tinha desaparecido. Depois de muita angústia e discussões, o corpo foi localizado na cidade de Simões. O outro corpo que se encontrava no hospital era do Amadeu Carvalho de 98 anos, conhecido como Amadeu do Nô, residente da zona rural de Simões, a 138 km de Picos.

Pedro Marciano faleceu de parada cardíaca por complicações da Covid-19. Já Amadeu Carvalho estava internado no hospital desde a noite do dia 06 de dezembro. Ele havia feito dois testes para o novo coronavírus, um deu negativo e outro positivo. Porém, no hospital regional, ao fazer outro exame detalhado, foi constatado o diagnóstico de Covid-19 e uma infecção.

“Depois de muita correria, muito procurar, conseguimos, através de uma empresa que havia feito a remoção de um corpo mais cedo, a informação que os maqueiros trocaram os corpos. Ao invés de pegar o senhor que estava na enfermaria, pegaram o que estava na UTI, que era meu pai. E sem identificação no corpo e sem conhecer o meu pai, pois estavam prestando serviço para outra empresa, pegaram o corpo do meu pai, fecharam a urna, levaram para Simões e enterraram o corpo”, conta Arinaldo Veloso, filho de Pedro Marciano.

Pedro Marcelino faleceu nesta segunda-feira,22, e foi trocado no Hospital Regional Justino Luz. Foto: Arquivo Pessoal

Todo o fato ocorreu por volta de 19:30h da noite, quando Arinaldo Veloso foi fazer a remoção do corpo no hospital, em torno de 23h. Um amigo que trabalha na empresa de serviços funerários sentiu a falta de uma identificação do corpo que seria levado para o sepultamento. O amigo da família chegou a conversar com profissionais do hospital, mas ninguém tinha dados do paciente e, quando pediu para verificar o corpo constatou que não era o Pedro Marciano.

“Neste momento começou toda angústia, mas precisávamos saber se era o corpo do meu pai ou não. Foi quando entramos em contato com a família de Simões e fizeram a identificação do corpo. Então, a empresa que fez o translado se prontificou em levar o corpo certo e fazer remoção do corpo do meu pai, para poder trazer para Picos e assim fazer o sepultamento do meu pai”, explica Arinaldo Veloso.

Por volta de 5:30h da manhã desta quarta-feira, 23, a empresa de serviços funerários entrou em contato com a família do Pedro Marciano e informou que estavam chegando em Picos. Assim, família pode então enterrar o corpo certo. “Para termos realmente certeza, mesmo que distante, a gente pediu para que abrissem o saco, para poder constatar que era realmente o meu pai e enfim era o corpo dele”, conclui Arinaldo Veloso.

Nas redes sociais, o ator Juscelino de Moura, filho de criação do Pedro Marciano, lamentou o ocorrido e afirma que não tem palavras para expressar sua dor diante da situação.

Família de Simões 

A equipe do PortalODia.com, entrou em contato com Adalberto Carvalho, sobrinho do Amadeu Carvalho, da zona rural Lagoa da Picada, município de Simões. Ele informou que no momento está aguardando que os filhos e os netos repassarem informações corretas sobre o ocorrido.


Amadeu Carvalho, 98 anos, é da cidade de Simões e faleceu por complicações da Covid-19 após 15 dias de internação. Foto: Arquivo Pessoal

“Apesar de terem sido levianos conosco, negligentes, não há nem palavras para descrever, mas a gente não quer agir da mesma forma, com oportunismo. Mas a família está inconformada pela circunstância desagradável”, diz Adalberto.

Wana Wanessa é amiga da família e acompanhou uma das netas de Amadeu de Carvalho até o hospital, logo após o contato da Assistente Social. No HRJL, foi dada a notícia do óbito e a neta entrou em contato com a funerária, que chegou 30 minutos depois.

“Quando o motorista chegou , dois funcionários do hospital foram até o carro e entregaram um documento afirmando que a poderiam fazer a retirada em outra entrada. Mas nos dissemos que queríamos verificar o corpo para não correr o risco de ir errado, mas disseram que não corria esse risco, porque só havia falecido uma pessoa na hala do Covid-19. Então, confiamos”

Wana, informou que não foi possível verificar o corpo, pois alegaram que a morte havia sido por complicações da Covid-19. “Não vimos nem o caixão, e viemos embora. E logo em seguida chegaram em Simões e também não deixaram a família ver o corpo”, finaliza.

Outro lado

De acordo com a assessoria do Hospital Regional Justino Luz, o caso está sendo apurado. “O hospital está apurando o que aconteceu e até o final do dia irá se posicionar sobre o caso”